Câncer de Pulmão
Câncer de Pulmão
O Câncer de pulmão é a doença maligna mais comum em todo o mundo, cerca de 13% dos novos casos diagnosticados anualmente. Além disso, é também a principal causa de morte por câncer em todo o mundo. Atinge principalmente homes e mulheres acima de 50 anos. Felizmente a taxa de novos diagnósticos vem diminuindo entre homes, desde a década de 1980, e entre mulheres, desde os anos 2000, em virtude dos programas voltados a interrupção do uso do cigarro. O INCA (Instituto Nacional do Câncer) estima que cerca de 30.200 novos diagnósticos sejam feitos anualmente no Brasil com um número de mortes que podem passar de 30.000 anualmente.
O que aumenta o Risco?
Tabagismo: é o fator de risco mais conhecido, sendo responsável pelo aumento de 40 vezes na chance de desenvolver câncer de pulmão, quando comparado ao de uma pessoa que não fuma. Além do tabagismo ativo, a exposição a fumaça do cigarro (tabagismo passivo) também aumenta os riscos. Ao parar de fumar, gradativamente a pessoa chega a reduzir em até 10x o risco de desenvolver o câncer de pulmão.
Genética: pessoas que já possuem histórico de câncer de pulmão na família podem ser mais predispostas ao desenvolvimento da doença.
Agentes químicos: geralmente por exposição a substâncias cancerígenas devido à profissão como, por exemplo, arsênico, amianto, asbesto, sílica, entre outros. Trabalhadores da setores rurais, construção civil, curtume, fundição, mineração, fábrica de baterias, pigmentos, vidros, têxtil, metalúrgica, etc., podem apresentam risco aumentado de desenvolvimento da doença.
Doenças Pulmonares: tuberculose ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (também conhecidos como enfisema pulmonar e bronquite crônica) são doenças que podem aumentar a possibilidade de a pessoa desenvolver câncer de pulmão.
Alimentação: assim como outros tipos de câncer, a alimentação pode se tornar tanto um fator de risco, como um método de prevenção. O baixo consumo de frutas e verduras, por exemplo, pode contribuir no desenvolvimento do câncer de pulmão.
Como Prevenir?
Não Fumar
Evitar o tabagismo passivo (ficar em locais fechados ou próximo de pessoas fumantes) Adequado uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) nos locais de trabalho com o risco de exposição a agentes químicos Hábitos saudáveis de alimentação.
O Tabagismo é considerado a principal causa evitável de câncer, principalmente pulmão, boca, faringe, laringe e esôfago. A parada com o cigarro é ainda a principal e mais efetiva forma de prevenir o desenvolvimento desses tipos de câncer. O Tabagismo é considerado doença e apresenta tratamento eficaz.
Sinais e Sintomas
Muitas vezes não há sintomas na doença inicial, e alguns sinais podem aparecer com a evolução e desenvolvimento da doença. Os principais sintomas são:
Tosse persistente
Nos fumantes, alteração do padrão da tosse habitual
Escarro com sangue (hemoptise)
Dor no peito
Rouquidão (disfonia)
Falta de ar (dispneia)
Pneumonia recorrente
Perda de apetite ou de peso
Sensação de fraqueza e cansaço
Na evidência desses sintomas de forma persistente, quanto antes buscar avaliação médica maior a chance de fazer um diagnostico na fase inicial da doença e melhorar a chance de tratamento.
Detecção precoce (Rastreamento)
A detecção precoce do câncer é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem sucedido.
O rastreamento é realizado em pessoas sem sintomas e que apresentam um risco elevado de desenvolver o câncer de pulmão. Estudos demonstram que estes pacientes submetidos ao rastreamento com tomografia computadorizada de tórax (TC) de baixa dose apresentam nódulos pulmonares suspeitos de câncer em 15% a 20% dos exames. Estes nódulos são analisados e podem necessitar de biópsias ou acompanhamento tomográfico.
Os pacientes que podem se beneficiar com o rastreamento são:
Idade entre 50 e 80 anos
História de tabagismo com carga tabágica de 20 maços ou mais por ano
Que atualmente fumam ou pararam de fumar nos últimos 15 anos.
Em pacientes com sintomas, a detecção precoce pode ser realizada com exames clínicos, laboratoriais, radiológicos e endoscópicos
Diagnóstico
O diagnostico inicial normalmente é realizado com Rx de Tórax complementado por tomografia computadorizada de tórax (TC).
Ao se evidenciar uma lesão suspeita para câncer, representada normalmente por um nódulo pulmonar (lesões de até 3cm) ou uma massa pulmonar (lesões maiores de 3 cm) um pequeno pedaço dessa lesão, biópsia, é necessário para confirmar o diagnostico e saber qual o tipo de câncer estamos tratando.
Os principais exames que auxiliam no diagnóstico são:
Biópsia percutânea guiada por imagem: exame realizado com agulha e com anestesia local ou geral, guiada por ultrassom ou tomografia. Realizado sem necessidade de internação e que pode dar diagnostico de forma rápida e pouco invasiva.
Broncoscopia (endoscopia respiratória): Exame endoscópico que avaliar a árvore brônquica e avalia presença de tumores nas vias aéreas. Realizado com sedação ou anestesia geral sem necessidade de internação hospitalar.
EBUS ( biópsia com agulha fina por endoscopia): este exame é semelhante à broncoscopia e com auxilio de ultrassom encontra tumores por fora e próximos das vias aéreas e possibilita realizar a biópsia.
Mediastinoscopia: Procedimento cirúrgico com anestesia geral com um pequeno corte de 2-3 cm no pescoço, onde o cirurgião poderá encontrar linfonodos (ínguas) possíveis de estarem aumentadas por causa de um possível câncer. O tempo de internação é de um dia.
Pleuroscopia/ toracoscopia: Procedimento cirúrgico realizado com anestesia geral onde o cirurgião faz uma investigação dentro do tórax do paciente com uma câmera em um pequeno corte de 0,5 cm a 3 cm na lateral da parede torácica do lado acometido. Nesses casos é possível fazer biópsia da própria lesão, de linfonodos ou de lesões na pleura (camada que reveste internamente o tórax).
Tipos de câncer de pulmão
Os canceres de pulmão apresentam características distintas, de acordo com as células que estão presentes. É muito importante saber exatamente o tipo para entender como ele pode evoluir e qual o melhor tratamento que o médico poderá usar para tratá-lo.
Os principais, mas não os únicos, tipos de câncer de pulmão são:
Neuroendócrino
1.1- Carcinoma de Pequenas Células
1.2- Carcinoma de Células Grandes
1.3- Tumor carcinóide
1.3- Sarcomatóide
Carcinoma não – pequenas células
2.1 – Adenocarcinoma
2.1.1- Adenocarcinoma in situ
2.1.2- Adenocarcinoma minimamente invasivo
2.1.3- Adenocarcinoma invasivo lepídico
2.1.4- Adenocarcinoma invasivo acinar
2.1.5- Adenocarcinoma invasivo papilar
2.1.6- Adenocarcinoma invasivo micropapilar
2.1.7- Adenocarcinoma invasivo Sólido mucinoso
2.1.8- Adenocarcinoma invasivo colóide
2.1.9- Adenocarcinoma invasivo fetal
2.1.10 - Adenocarcinoma invasivo entérico
2.2- Carcinoma de células escamosas (CEC)
2.2.1- CEC in situ
2.2.2- CEC basalóide
2.2.3- CEC queratinizante
2.2.4- CEC não-queratinizante
3- Tumores de origem mesotelial
3.1- Hamartoma
3.2- Condroma
4- Tumores de origem externa
4.1 - Teratoma
4.2- Timoma
4.3- Melanoma
4.4 - Metástases
Estadiamento
Estadiamento é o nome que damos ao se analisar em qual estágio o câncer se encontra. Para isso, exames de imagem são necessários para identificar o acometimento do tumor. Usamos três critérios para fazer essa análise, conhecidos como TNM:
- Tumor (T): Avaliamos o tamanho e o acometimento de estrutura vizinhas
- Linfonodos (N): Presença de linfonodos acometidos espalhados fora do pulmão.
- Metástase: evidência de outros órgãos do organismo acometidos por lesões do câncer. Os principais órgãos que são acometidos por metástases pulmonares são o fígado, ossos, o pulmão e cérebro.
Tratamentos
O tratamento segue um fluxo conforme o estadiamento. Cada fase em que a doença se encontra apresenta um tratamento específico. O objetivo dos tratamentos são divididos em:
- Curativo: O câncer de pulmão em fase inicial é mais propenso a se tornar curável.
- Controlador: Com a progressão da doença, a buscar por eliminar o câncer fica mais difícil. Nesta fase busca-se estabilizar o crescimento do câncer e evitar que ele se espalhe
- Paliativo: Pacientes sem proposta curativa e que apresentam muitos sintomas, podem ser avaliados por uma equipe de cuidados paliativos para controle dos sintomas ou até mesmo suporte familiar.
Cirurgia
A cirurgia exclusiva está indicada para câncer em fase inicial, sem metástases a distância, sem linfonodos acometidos e ainda com tamanho do nódulo menor que 3 cm.
Muitas vezes é necessário alguns ciclos de quimioterapia antes (neoadjuvância) do procedimento cirúrgico, seguido de quimioterapia após a cirúrgica (adjuvância). Porém essa análise deve ser individualizada caso a caso, pois muitas vezes a decisão do melhor tratamento se faz em conjunto em uma equipe multidisciplinar.
A abordagem cirúrgica pode ser aberta(por corte amplo) e por técnicas minimamente invasivas como Cirurgia Vídeo-assistida (VATS) ou Robótica (RATS)
Quimioterapia e Radioterapia
A quimioterapia tem indicação clara em câncer em estágio avançado onde apresenta um benefício maior do que o tratamento cirúrgico, principalmente associado a radioterapia.
Porém, alguns casos, após tratamento com quimio e radioterapia, evidenciamos uma redução importante da tumoração e controle da doença sistemicamente e a cirurgia pode ser reintroduzida na discussão para eliminar a tumoração remanescente.
A quimioterapia e radioterapia muitas vezes também podem agir como tratamento paliativo, no controle de sintomas de dor, sangramentos, falta de ar por derrame pleural, entre outros.